quarta-feira, 12 de julho de 2017

Por que um Cristão não pode ser comunista?



Muitas pessoas, especialmente as que se declaram de esquerda, fazem essa indagação: Por que um cristão não pode ser comunista?
É muito comum vermos esquerdistas fazendo chacota, alegando que os cristãos de direita são paus mandados de padres e pastores. 

Mas a verdade está bem longe dessa ridícula atitude.

Se você é comunista/socialista/marxista e se diz cristão, só pode ser por dois motivos: ou você não sabe o que é  comunismo/socialismo/marxismo ou você desconhece o que é ser cristão.
Sabe porque?
Porque o comunismo (ou socialismo marxista) está intimamente relacionado com a negação de Deus. 
Não sou quem está afirmando isso. 
Não, Não, Não.
Com toda certeza você já deve ter ouvido uma das máximas mais famosa do Socialismo: A religião é o ópio do povo.

Se você só ouviu mas não sabe de onde ela veio, ou o que o autor queria dizer quando escreveu tal frase, vamos a uma singela explicação.
Em toda a sua obra, Karl Marx se encarregou de traçar uma linha doutrinária bem definida, onde não existe lugar para quaisquer religiões, especialmente para o Cristianismo.
Publicado originalmente em 1843, o livro “Crítica da filosofia do direito de Hegel”, dedica páginas e mais páginas a críticas diretas à religião.

Vejamos então, o que Marx escreveu.


“O homem é o mundo do homem, o Estado, a sociedade. Este Estado e esta sociedade produzem a religião, uma consciência invertida do mundo, porque eles são um mundo invertido. […]

A religião é o ópio do povo. A abolição da religião enquanto felicidade ilusória dos homens é a exigência da sua felicidade real. O apelo para que abandonem as ilusões a respeito da sua condição é o apelo para abandonarem uma condição que precisa de ilusões. A crítica da religião é, pois, o germe da crítica do vale de lágrimas, do qual a religião é a auréola. […]

A crítica da religião liberta o homem da ilusão, de modo que pense, atue e configure a sua realidade como homem que perdeu as ilusões e reconquistou a razão, a fim de que ele gire em torno de si mesmo e, assim, em volta do seu verdadeiro sol. A religião é apenas o sol ilusório que gira em volta do homem enquanto ele não circula em tomo de si mesmo.

Consequentemente, a tarefa da história, depois que o outro mundo da verdade se desvaneceu, é estabelecer a verdade deste mundo. A tarefa imediata da filosofia, que está a serviço da história, é desmascarar a auto-alienação humana nas suas formas não sagradas, agora que ela foi desmascarada na sua forma sagrada. A crítica do céu transforma-se deste modo em crítica da terra, a crítica da religião em crítica do direito, e a crítica da teologia em crítica da política”.

Fica evidente então que o Comunismo se baseia numa visão materialista e humanista da história e da vida. Como vimos no fragmento destacado acima, na teoria comunista, não é a inteligência nem o espírito que determinam nada no universo, mas apenas a matéria. Não há como negar que esta seja uma filosofia declaradamente secularista e ateísta. Para ela, Deus é um simples mito criado pela imaginação; a religião, um produto do medo e da ignorância; e a Igreja, uma invenção dos governantes para controlarem as massas. O Comunismo, tal como o Humanismo, mantém, além disto, a grande ilusão de que o homem pode salvar-se sozinho, sem a ajuda de qualquer poder divino, e iniciar uma nova sociedade. 

Como veem, não resta dúvida de que Marx pregava o fim das religiões, usando o questionamento da fé como sinônimo para encontrar a felicidade.

Além disso, a doutrina comunista prega o poder do Estado acima de tudo, inclusive da família, instituição que sempre deverá ser a base de qualquer sociedade civilizada, como é professado pelo Cristianismo.

Vale ressaltar que o Comunismo se assenta num relativismo ético e não aceita absolutos morais estabelecidos. O bem ou o mal são relativos aos métodos mais eficientes para o desenvolvimento da luta de classes. 

O Comunismo emprega a terrível filosofia de que os fins justificam os meios. Apregoa pateticamente a teoria de uma sociedade sem classes, porém, infelizmente, os métodos que emprega para realizar esse “nobre” intento são quase sempre ignóbeis. A mentira, a violência, o assassinato e a tortura são considerados meios justificáveis para realizar esse objetivo milenar. Mas será isto uma acusação falsa?

Lenin, o verdadeiro estrategista da teoria comunista declarou: “Devemos estar prontos para empregarmos o ardil, a fraude, a ilegalidade e a verdade encoberta ou incompleta”. A humanidade vivenciou décadas e mais décadas de agonia e terror por conta dos “discípulos socialistas de Lênin” que levaram e ainda levam a sério esta opinião.

O ateísmo militante da liderança soviética considerava, inicialmente, que a religião desapareceria por conta própria através da implantação do sistema socialista. Assim sendo, logo após a revolução, os bolcheviques demonstraram uma certa dose de tolerância para com a religião. Quando ficou claro, após a URSS ser criada, que a religião não estava morrendo por si, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas começou grandes campanhas anti-religiosas. O combate às crenças religiosas era considerado um dever absoluto por Lenin, tanto que em um artigo escrito em 1922, intitulado Sobre o significado do materialismo militante, ele afirmou: “Engels há muito tempo aconselhou os líderes contemporâneos do proletariado a traduzir a literatura ateísta militante do final do século XVIII para a distribuição em massa entre as pessoas.” 

Mais isso foi apenas o começo. As campanhas envolviam uma grande quantidade de propaganda anti-religiosa, legislação anti-religiosa, educação ateísta, discriminação religiosa, assédio, prisões e também campanhas de incentivo à violência contra religiosos, devotos e praticantes. De 1925 a 1927, dos 160 bispos que havia no país, 117 tinham sido presos e no final da década de 1930 apenas sete bispos estavam ativos e somente algumas poucas centenas de igrejas abertas. Isso não acabou aí. A perseguição religiosa perdurou por décadas na URSS. 

Apesar de tudo, a religião simplesmente não desapareceu com o passar dos anos. Assim sendo, os pressupostos marxistas que afirmavam sua extinção após a chegada do comunismo foram revistos e reinterpretados. Os líderes do Partido Comunista da União Soviética, tiveram de admitir que a religião era uma forma muito mais duradoura de consciência do que haviam anteriormente assumido. 

Os comunistas provaram que tudo isto não só é contrário à doutrina de Deus, como também contraria valorização cristã do homem. O Cristianismo prega que o homem é filho de Deus, criado à sua imagem e semelhança. O homem é mais do que um animal reprodutor dirigido pelas forças econômicas. O homem é um ser com alma, coroado de glória e de honra, dotado de liberdade. 

Estava assim desvendada a maior deficiência do Comunismo: tirar do homem exatamente a qualidade que faz dele um homem. Paul Tillich, um dos mais importantes teólogos do século XX , diz que o homem é homem porque é livre; e essa liberdade traduz-se na capacidade que tem de deliberar, decidir e reagir.

Paul Tillich

“A liberdade pode se manter apenas na medida em que ela escolhe o conteúdo, as normas e os valores a partir dos quais a nossa natureza essencial, incluindo a nossa liberdade, se expressa.”

No Comunismo, a alma do indivíduo está amarrada pelas cadeias do conformismo e o espírito pelas algemas da obediência ao partido. Despojam-no da consciência e da razão. O mal do Comunismo está em não ter uma teologia, não ter fé. Desta forma, o que nele encontramos não passa de uma antropologia muito confusa, tanto acerca do homem, como acerca de Deus. Apesar dos discursos “brilhantes e eloquentes” sobre o bem-estar das massas e os supostos benefícios do coletivismo, os métodos do Comunismo e a sua filosofia despem o homem da sua dignidade e do seu valor, reduzindo-o à despersonalização, tornando-o uma simples peçinha na engrenagem do Estado, uma marionete do partido.

Apoiar uma ideologia politica que prega o ateísmo e a não existência de Deus nunca poderá ser considerado um ato de um verdadeiro cristão.

Agora pergunto: 
É possível ser cristão e comunista?
Com toda certeza: NÃO!

Links

Link para Livro Crítica da Filosofia do Direito

Link para artigo de Lenin: Sobre o significado do materialismo militante

Link para artigo de Paul Tilich: A concepção de homem na filosofia existencial

Link para preview do Artigo Protest for Religious Rights in the USSR: Characteristics and Consequences (Protesto por Direitos Religiosos na URSS: Características e Consequências)




Um comentário:

Anônimo disse...

Concordo plenamente
Temos o dever de ajudar as pessoas que ainda não compreende o significado da ideologia comunista

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