sábado, 12 de dezembro de 2009

Sobre o Mistério da Vida



Às vezes é preciso que algo aconteça em nossas vidas para que surjam reflexões valorosas.
A ocasião não poderia ser mais funesta: um velório. Mas tal acontecimento acabou por desencadear mil e um questionamentos.
Já pararam para pensar que realmente existe uma força inexplicável que nos move, nos impulsiona nessa aventura da vida?
Sem ela, não passamos de um corpo inerte, matéria inanimada.
Alguns podem chamá-la alma, outros, espírito. Os mais céticos buscam na metafísica e nas demais ciências explicações.
Nada é concreto. Continuamos vivendo e morrendo, sem entender realmente o que somos: se apenas um aglomerado de átomos, uma mutação dos macacos ou um sopro divino.
Aliás, aí está o adjetivo correto: Divino. A real divindade está em cada ser, em cada criatura existente. A iconografia e idolatria deveriam fazer referências claras ao ser que habita em todos os seres. Talvez só no caso dos mártires, santos e personalidades ilustres é que vislumbramos essa força invisível que nos impulsiona. Declaramos admirar a força, a coragem, a disposição destes indivíduos, ao passo que esquecemos das nossas próprias qualidades. A raiz destes “antolhos” é um dos grandes segredos da humanidade. Entender o porquê disso é outra coisa.
Voltando ao ponto. 
A ideia da morte sempre assombrou. Uma vez que atrelada a ela sempre vemos a ideia de fim, extinção. 
E se não fosse assim? 
E se vivêssemos um dia de cada vez? 
E se vivêssemos cada ato em sua plenitude, sem aquela preocupação obsessiva com o futuro? 
Sabe, mais ou menos, aquela coisa de escovar os dentes realmente escovando os dentes, verificando a retirada dos resíduos, a textura, o brilho do esmalte. Mas cotidianamente, escovamos os dentes pensando no ônibus que teremos que pegar, nas coisas que teremos que comprar no supermercado, nas tarefas que serão desenvolvidas no trabalho. Enfim, pensamos em tudo, menos no que estamos fazendo. Nos preocuparmos com o que ainda nem aconteceu. Isso nos remete àquela ideia anteriormente debatida: a efemeridade de todas as coisas.
Voltando ao ponto exato de acabar: a morte.
Assunto muito controverso, já foi inspiração para muitos escritores, pensadores, intelectuais. Porém nenhum transmitiu com mais maestria a essência deste tema do que o francês Victor Hugo. Em seu livro “Lês Tables Tournantes de Jersey”, o autor fala sobre uma ideia de morte um tanto quanto diferente daquela que estamos acostumados:

“A morte não é o fim de tudo.

Ela não é senão o fim de uma coisa e o começo de outra.

Na morte o homem acaba e a alma começa.

Eu sou uma alma.

Bem sinto que o que darei ao túmulo não é o meu eu, o meu ser.

O que constitui o meu eu, irá além.(...)”

E não é só isso. 
Em outras obras – Os miseráveis – o autor percorre o universo da transmutação das relações humanas, alinhavando as ações e percalços de seus personagens, sob um pano de fundo comum: a efemeridade de todas as coisas.
Desde de criança a morte sempre foi uma ideia difícil de me acostumar, algo que deixa no meu intimo uma sensação não só de vazio, mas principalmente de injustiça. 
Então criei uma espécie de metáfora para ela. 

Para mim, a morte é como um grande navio, onde as pessoas que embarcam ficam o resto de suas existências atravessando os mares, em um interminável cruzeiro de volta ao mundo. Na minha nau coloquei meus bisavós, avós, tios, primos, amigos, colegas de colégio, vizinhos, meus animais de estimação e, com uma dor infinita, uma filha. Gosto de imaginá-los juntos, confraternizando, sorrindo e felizes. Assim, sem sofrimento, sem dor. Isso apazígua um pouco o meu coração.
Acredito que cada pessoa é capaz de encontrar uma maneira de lhe dar com a morte. 
E creiam: o tempo realmente é um grande remédio. Ele não irá curar a dor, mas fará com que ela se transforme em algo menos sofrido. Não é capaz de plantar o esquecimento, mas coloca em nossos caminhos outras coisas, outros acontecimentos, outros obstáculos. Distrações que acabam por fazer com que apenas as boas lembranças, os bons momentos pareçam ser relevantes.
Talvez seja difícil encontrar esse ponto, esse sutil equilíbrio. Talvez, na pior das hipóteses, nunca se encontre. Mas, se serve de algum consolo, a vida nos impele, nos empurra para frente, independentemente da nossa vontade.
No fundo, no fundo, tudo isso advém de nada mais nada menos do que sentimentos, emoções, momentos...
Nada que a razão possa explicar.
Ideias sobre a morte, sobre o fim, sobre o futuro.
Ideias sobre a vida, sobre obstáculos, sobre mistérios.


*Dedico esse texto a todos aqueles que já perderam um ente amado, especialmente as minhas amigas Lorena, Lisa e Marina.

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domingo, 6 de dezembro de 2009

Selo 5 Revelações



Ideias de Barbara recebe mais um selo. Agradecemos a nossa amiga querida CarOl do Pequenas Ideias, pelo carinho de sempre. Beijos de toda a a equipe para vc.

Selo um pouco de mim em 5 revelações

As regras são bem simples. Basta completar as frases abaixo e passar a bola para mais 5 indicados.


Eu já...


Eu já passei de caiaque por baixo da ponte do Pontal – Ilhéus – BA.


Eu nunca...

Eu nunca pintei meus cabelos.


Eu sei...

Eu sei que parto normal é melhor do que cesariana. (por experiência própria)


Eu quero...

Eu quero fazer um cruzeiro pelas ilhas gregas.


Eu sonho...

Eu sonho com um mundo melhor, mais humano, mais digno para todos.


Os indicados do Ideias são:

A dona do Mundo

Ana Gabi

A Língua Nervosa

Mulher em Percurso e Percalço

Cenas da Minha Memória


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sábado, 5 de dezembro de 2009

E então é Natal!!!


E somos bombardeados de todos os lados por lindas mensagens, antigos clichês..."É hora de rever, reformular e coisa e tal..."

Mas, quantos de nós realmente o fazemos? Vejo revisões de metas e objetivos, mas será que não é momento de verdadeiramente revirarmos nossas gavetas de intenções, valores e conceitos?

Estamos criando nossos filhos numa sociedade superficial, artificial e volátil, onde vale mais quem tem mais. Ensinamos e ratificamos veementemente essa ideia quando abrimos mão de estar com nossos filhos para ganhar mais dinheiro, ou redecoramos toda a casa, ainda que tudo esteja no lugar, porque precisamos entrar na onda do novo piso, ou tratamos com naturalidade o fato de pagarmos mais de R$100,00 numa bermuda para uma criança de 5 anos que não a usará por mais de 6 meses.

Como orientamos nossos filhos em relação ao futuro?

O que ensinamos a uma criança quando esta nos pede um irmãozinho e nós respondemos: "Nem pensar, filho custa caro, você vai ter que dividir tudo o que tem..."

Por que escolas caras ensinam bem e as mais baratas nem tanto?

Tudo não se trata de pessoas? Pessoas ensinando e pessoas aprendendo?

Por que, mesmo sabendo que a natureza agoniza continuamos consumindo desenfreadamente e compramos para os nossos filhos todas as novidades irresponsavelmente?

Por que temos que trocar o carro com apenas um ano de uso, e valorizamos tanto esse bem?

Vamos então revirar nossas gavetas, liberar algum espaço para o verbo SER.

Quantos de nós levam seus filhos para desfrutar da beleza de um pôr do sol? Quantos ainda estimulam os filhos a admirar e vivenciar as maravilhas da Natureza?

As conquistas materiais devem sim ser perseguidas e nossos filhos estimulados a buscá-las, mas isso não pode ser tudo.

E então, já que é Natal, vamos montar um presépio em nossas casas e mostrar aos nossos filhos que naquela total e extrema simplicidade, nasceu o maior dos homens, e que Jesus precisou apenas de AMOR e SABEDORIA para ser e fazer história, conquistar milhões e milhões de seguidores por séculos e séculos!

Vamos então lotar nossas gavetas de AMOR e SABEDORIA, promover a distribuição ilimitada e irrestrita desses sentimentos e educar nossos filhos envolvidos por eles.

É pelo exemplo que realmente educamos!!

Então, que tenhamos todos um Feliz Natal e que 2010 transborde de AMOR e SABEDORIA!!

Paloma Lopes
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